O amor de fã é imensurável. Afinal, por meio de composições pessoais, os artistas podem se conectar com os ouvintes e mudar para sempre a trajetória de quem se cativa pelas melodias agradáveis ao ouvido.
Na vida de Alex Santos, natural de Votorantim (SP), o grande responsável por esse atributo é Jão, fenômeno nacionalmente conhecido por suas músicas extremamente amorosas. Ao g1, ele conta que descobriu o cantor há cerca de seis anos, durante uma publicidade nas redes sociais.
“Foi por um anúncio no Instagram, com fotos promocionais do primeiro álbum dele, lá atrás. Gostei da estética diferente e fui ouvir algumas músicas. A partir do lançamento de ‘Lobos’, me apaixonei de vez”
Alex
Alex destaca a profundidade das letras de Jão em seus álbuns. Para ele, tudo faz muito sentido para seu cotidiano, mas a adolescência foi ainda mais marcante.
“Suas composições além de profundas, são sobre sentimentos reais. Dor, raiva, tristeza, calma. Tudo era muito parecido com o que eu vivia. Ouvia todos os dias no ônibus, na ida e volta da escola. A conexão foi enorme”
Alex
O intérprete de “Enquanto Me Beija”, natural de Américo Brasiliense (SP), conseguiu ajudar o revisor de texto a superar barreiras. O jovem, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e integrante da comunidade LGBTQIA+, cita que Jão foi um divisor de águas no seu processo de aceitação.
“Sempre fui uma pessoa com grandes diferenças em relação às outras. Minha dificuldade em ter e manter relações sociais me gerou muita insegurança e vulnerabilidade. As músicas do Jão falam sobre esses sentimentos estranhos, incômodos, porém, reais. Foi bem legal encontrar um artista que fale sobre isso. Ele me fez ver a minha sexualidade como algo comum, que vem de uma pessoa que tem sua própria história. Me ajudou a ver que temos nossa própria subjetividade, histórias, amores. Muito bom ver alguém da comunidade conquistando espaço”
Alex
O votorantinense é fã de carteirinha de João Vitor, indicado duas vezes ao Grammy Latino. Ele esteve presente em cinco shows do artista durante a carreira e está preparado para ir ao sexto.
“Desde a era ‘Pirata’, fui cinco vezes. A que mais me marcou foi uma audição inédita do álbum antes de ele ser lançado, no Teatro Bradesco, em São Paulo. Agora, vou vê-lo na Festa Junina de Votorantim. É como se fosse a primeira vez”
Alex
Conhecer Jão, de acordo com Alex, é um sonho bem antigo. Entre os sentimentos, ele admite que o compositor possui um lugar especial em seu coração, mesmo sem ter ideia de nada.
“Tenho ele como uma paixão, como se fosse da minha família, mesmo com ele sequer sabendo que eu existo. Nos momentos de raiva, alegria, superação, ele estava me acompanhando. Sua música nos conectou desde o início. Ele é motivo de orgulho”
Alex
Já para Giovana Brito, de Sorocaba (SP), a relação com o dono do hit “Idiota” começou conturbada. Ao g1, ela conta que o conheceu durante um relacionamento passado.
“Tive um namorado que era extremamente fã do Jão, porém, ele não era nada legal comigo. Terminamos e eu passava longe de tudo relacionado ao cantor, pois me lembrava de momentos ruins. Em um certo dia, sem nada para fazer, fui ver o perfil do meu ex no Spotify e vi que tinha uma playlist com um apelido meu, e lá tinha uma música dele. Ouvi e nunca mais larguei”
Giovana
O coração partido foi fundamental para Giovana sentir as melancolias de Jão dentro de si. Ela afirma que, durante o período, ele foi um grande ombro amigo para superar as dificuldades do dia a dia.
“Demorei muito para conseguir superar o relacionamento e o fato de ter músicas falando sobre o que eu estava sentindo era muito bom. Me sentia literalmente sozinha. Uma live que ele fez na pandemia foi fundamental para eu me tornar fã, foi uma época muito complicada”
Giovana
Assim como Alex, a empresária também conseguiu entender melhor a sua própria identidade junto de Jão. Bissexual, ela conta que, devido ao artista, pôde “se assumir” e ser uma pessoa livre.
“Por conta dele, me abri com a minha sexualidade, sem me importar com a opinião dos outros. Sempre fui muito presa nas questões de Deus, família. Era um peso e eu não conseguia entender o motivo. Então, eu vi ele e percebi que eu podia ser livre. Hoje, sou uma pessoa muito melhor”
Giovana
Fã desde 2018, a jovem já viajou a diferentes lugares do Brasil para ver o cantor no palco. Com idas até para Salvador (BA), ela chegou a se infiltrar na parte de trás do palco de um dos shows do artista.
“Já fiz loucuras gigantes pelo Jão. Fui para o nordeste vê-lo e peguei insolação. Fui no Ibirapuera, em São Paulo, e fiquei horas debaixo de uma chuva de raios e trovões. Fiquei extremamente doente, mas fui. Cheguei a me esconder no palco para conseguir ser notada por ele, mas fui removida pelos seguranças (risos)”
Giovana
E, por falar em loucura, Giovana tem um desejo um pouco “fora da curva” quando comparado aos dos outros fãs. Dona de uma tatuagem para o ídolo, ela sonha que o cantor a complete com a sua própria caligrafia.
“Tenho a capa do álbum ‘Anti-Herói’ tatuada em mim, que é ele caindo. Mas quero completar com uma frase de uma música dele, com a letra dele, ou seja, ela não está terminada. Minha maior loucura é esperar para que ele termine por mim. Vou fazer o possível para acontecer”